Mundo Moderno
Chico Anysio
Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio - maior maldade mundial.
Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.
Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, maratonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.
Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.
O fato de todas as palavras começarem com a letra ‘ m ‘ dá um charme e deixa o poema muito mais atraente. Há ausência de preposições, artigos, pronomes; a poesia é composta praticamente de substantivo, adjetivo e verbos. Fantástico!
Queria ser poetiza,mas não tenho este dom, apenas transformo em versos as dores e os prazeres que vêm da minha alma, por vezes rimo palavras outras nem isso consigo,transformo em acalanto ou em canto, em prosas ou em versos e quase tudo no inverso. Alfers/2008 Portugal
quinta-feira, 19 de março de 2009
quinta-feira, 12 de março de 2009
Meu amado avô e minha sobrinha, ambos "in memoriam."
Meu Avô
Acordar com o radinho a tocar
música caipira a escutar,
com os meus olhos ele acompanhar
bem quieta ficar até "bom dia" ganhar.
Levantar os dentes escovar
o café ir à mesa tomar e
atrás dele andar.
Vê-lo as bananas no varal pendurar
as forminhas para nós criar
e os balanços desenrrolar.
Com as mãos carinhosas nossos cabelos afagar
tinha um sorriso singular
se fosse preciso repreender, bastava um olhar
a familia sempre amar, é o que veio nós ensinar.
Alfers/Jan. 2007
* Este poema tem autor se for copiá-lo, não oculte seu criador.
Meu avô era meu espelho de vida, sempre fiz tudo para parecer com ele, aprendi a comer com a mão esquerda porque ele era canhoto, nunca me importei com bebida porque ele não bebia, sempre sorri muito porque ele sempre para mim sorria, sempre me senti previlegiada por ser por ele abençoada, dormi na cama deles por muitos anos, morei com eles até a vovó patir, convulsionei por não entender que as vezes ele tinha que se ausentar para trabalhar, dormi naquele colo por vezes sem conta, segurei naquelas mãos sempre que as vi, nunca imaginei minha vida sem a presença dele e ainda hoje o ouço e espero que chegue, que se achegue e que me beije enquanto me abençoa. Meu avô era a pessoa mais doce que já passou pela minha vida, sabe aquelas pessoas em que as qualidades se sobrepõem aos defeitos, ele era assim! Custa-me muito aceitar que já não o tenho diante dos olhos, que não o posso tocar e só sei eu a falta que ele faz. Nunca de VÔ eu o chamei porque ele foi sempre meu... PAI!
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